Morte e vida de Charlie St. Cloud - Ben Sherwood

Título: Morte e vida de Charlie St. Cloud
Autor(a): Bem Sherwood
Editora: Novo conceito
Páginas: 290
Classificação: 4. (Muito bom)

Um coração dividido entre dois mundos. Em uma pacata vila de pescadores da Nova Inglaterra, Charlie St. Cloud cuida dos gramados e monumentos de um antigo cemitério onde seu irmão mais jovem, Sam, está enterrado. Após sobreviver ao acidente de carro que tirou a vida de seu irmão, Charlie recebe um dom extraordinário: ele consegue enxergar, conversar e até mesmo brincar com o espírito de Sam. É neste mundo místico que entra Tess Carroll, uma cativante mulher treinando para navegar sozinha ao redor do mundo em um veleiro. O destino faz com que seu barco seja apanhado por uma violenta tempestade, trazendo-a assim para a vida de Charlie. Sua bela e incomum ligação os leva a uma corrida contra o tempo e a uma escolha entre a vida e a morte, entre o passado e o futuro, entre apegar-se ou deixar o passado para trás – e a descoberta que milagres podem acontecer se nós simplesmente abrirmos nossos corações.

Não tinha grande interesse nesse livro, o folheei numa livraria e coloquei de volta à prateleira. Meses depois, minha mãe me compra um livro de presente e surpresa; lá estava Morte e vida de Charlie St Cloud. Talvez o principal motivo de minha relutância foi a capa que, apesar de bonita, passa a ideia de romance açucarado com doenças terminais.

Não preciso nem dizer que ele me surpreendeu, não é mesmo?

Charlie e Sam St Cloud fazem parte daquele grupo seleto de irmãos que dariam a vida pelo outro. O que desanda a vida pacata de cidade pequena entre os irmãos é um terrível acidente no qual os dois, tecnicamente, morrem. Mas ainda sim, Charlie promete nunca abandoná-lo. Só que Charlie volta, mesmo a contragosto. Fica óbvio para os leitores que ele não pensaria duas vezes em trocar de lugar com Sam.

Então uma coisa estranha acontece: Charlie volta com um dom. Agora ele pode ver o espirito de Sam e seu cachorro e não tarda a perceber que eles não são os únicos que ele enxerga. Trabalhando num cemitério para permanecer próximo à Sam, Charlie abdica de suas vontades, sonhos e desejos. Ele não se arrepende ou culpa Sam e adorei isso nele. Ao invés de definhar em suas lamentações, Charlie continua sua vida – ao lado do irmão morto – com bom humor e dedicação ao trabalho.

O romance do livro fica a encargo dele e Tess Carrol, uma garota durona por quem ele sempre teve uma quedinha. A forma como eles se conhecem e se relacionam, porém, não convence. De repente eles se veem e no outro estão apaixonados. Sério mesmo, no primeiro encontro! Esse foi o principal ponto negativo do livro. Entretanto, a forma como Tess entra na estória e o desfecho é bem surpreendente, original. 

Eu sempre pensei que se amor de mãe é amor incondicional e perfeito; amor de irmão é o amor mais puro que existe. Amor sem maldade, sem cobrança. Irmão é uma mistura de melhor amigo e família, regado a inúmeras brigas e demonstrações de afeto. É claro que tem gente que não se dá bem com irmão, mas creio eu que seja mais birra do que outra coisa. Vai ver foi porque meu irmão significa um mundo pra mim que eu tenha me identificado demais com Charlie.

Enfim, devaneios “Sinto falta do meu irmão” a parte, a amizade e cumplicidade dos dois é realmente tocante. Sem falar nas lições que ele passa, sobre amor e perda. Recomendado!